domingo, 20 de fevereiro de 2011

Um guerreiro no subúrbio curitibano

Um guerreiro no subúrbio curitibano
Luana Schabib | sexta-feira, 11 fevereiro 20119 Comentários

Hoje vamos contar a história de um cara que usou o rock para mudar a realidade dos jovens das periferias curitibanas. Ele é Getulio Guerra, nosso segundo personagem da série #quemfazcultura. E por isso, nada melhor do que ouvir os Garotos Podres, cantando Rock de Subúrbio, para entrarmos no clima deste perfil e conhecermos o projeto que ele criou e toca há cinco anos: o PrasBandas.

– Ei você, por favor, se apresente!

– Sou Getulio Guerra, tenho 40 anos, gosto de punk e rock brasileiro. Sempre fiz cultura. Organizava shows, mostra de bandas, de fotos. Fazia fanzine nos anos 1980, fui office-boy, estagiário em agência de propaganda, tive um escritório de desenho… Mas, a música sempre pesou mais.

Para as bandas e para todos

A ideia é simples. Em toda garagem, em todos os cantos das cidades, existem jovens querendo fazer música, seja um rock, um metal ou um pagode. Mas, nem sempre os festivais, as casas de shows ou mesmo os vizinhos dão espaço para as expressões dessa juventude criativa (que maneira elegante de dizer).

Então, ele juntou uns amigos, pegou equipamentos emprestados, montou um palco, chamou a família e abriu inscrições para os artistas dos bairros: poetas, pintores, músicos, fotógrafos. Assim começou o PrasBandas, que é uma associação, com 30 pessoas envolvidas, que promove oficinas culturais e uma mostra itinerante da produção dessas pessoas que não encontram onde mostrar sua arte. Uma verdadeira invasão cultural da capital paranaense, que acontece desde 2005, nessas áreas de risco, onde a falta de grana limita as arranca algumas possibilidades.


Reunião de Abertura da Associação PrasBandas. Foto Douglas Fróis.

“Nos anos 1980/90, teve muito marketing em cima de Curitiba, dizendo que era a ‘Cidade Sorriso’, ‘Cidade Modelo de 1º Mundo’… Esta era a forma que os governos acharam para capitalizar suas gestões, com esses bordões bobos. O que sei, é que aqui também tem mendigos pelas ruas, crimes, favelas, brigas em saídas de jogos de futebol. Até chacina no meio da rua onde demos aula rolou”, conta Getulio.

O projeto já deu voz a bandas e aos públicos de seis bairros periféricos: Sítio Cercado, em 2005; Xaxim, Boqueirão e Vila Hauer, em 2006; Uberaba e Bairro Alto, em 2009. Este ano, a invasão está indo para a 7a edição.

Festivais de música para a periferia, com bandas da periferia

– E como funciona, Getulio? Como vocês conseguiram tocar o projeto? Dinheiro de leis de incentivo, patrocínio, correria?

– Bom, as quatro primeiras edições foram na ‘brodagem’, equipamentos de amigos e equipe de voluntários. Cobrávamos apenas os ingressos para os shows, dois a três reais mais um livro usado que doávamos para as bibliotecas das escolas públicas do próprio bairro.

Correr por fora sempre foi o caminho, mas Getulio nunca abriu mão de nenhuma possibilidade: “Entre 2006 e 2009, tentamos vários editais de incentivo e enfim conseguimos na Fundação Cultural de Curitiba. Assim, nas edições seguintes nada foi cobrado. Artistas do bairro com inscrições gratuitas e entrada franca para a comunidade. Os quatro primeiros foram no fluxo da boa vontade. Os seguintes no fluxo do incentivo.”

Além dos festivais, foi possível oferecer oficinas semanais e gratuitas na Escola Municipal Maria Marli Piovezan. Hoje, o PrasBandas está alugando uma casa dentro da Vila Icaraí, para dar as oficinas diárias de jornalismo, literatura, inglês, teatro, marcenaria e cinema: “Tudo de graça pra moçada de uma área de invasão – vulgo favela – que não tem muita opção de entretenimento e cultura, que geralmente aparece na mídia quando rola tiro, facada, sangue”, afirma Getulio cheio de esperança.

Porque o ar não tem dono

Enquanto a grana não rolava, um braço importante que o PrasBandas desenvolveu foi um programa na Rádio Bairro Novo, no Sítio Cercado, uma rádio comunitária. Todos os domingos de 2008, das 18h às 20h, rolavam entrevistas com poetas, escritores, produtores, cineastas e bandas curitibanas que tocavam ao vivo no estúdio.

“Era um braço do projeto sim, onde o técnico de som era o meu irmão Gilberto Guerra e outros amigos, como Téo Arruda (jornalista) e João Acuio (psicólogo e astrólogo). Eles faziam comigo a bagunça toda”, conta.

A rádio ainda existe, mas o programa não acontece mais porque mesmo sendo comunitária, um candidato a vereador era o “proprietário”, afirma Getulio: “a direção queria que nós da equipe do programa fizéssemos campanha para o tal. Negamos. Resolvemos sair fora, mas neste ano vamos retomar com força.”

Tudo ao mesmo tempo agora

Getúlio é um cara família. Seu pai faleceu quando tinha 12 anos – era ora economista, ora professor de datilografia, ora corretor de imóveis: versátil. Sua mãe é professora aposentada, dava aulas para o primário para sustentar seus dois filhos: guerreira. Com esses valores, hoje, a família de Getulio também participa do PrasBandas.

Seu irmão Giberto, faz o site do projeto e dará aulas de Naturoterapia nas oficinas, seu filho Filipe, toca baixo na banda de apoio na oficina de Música. Sua prima dará aula de inglês. Seus sobrinhos também participam. “Mas não é só família, é um movimento que envolve todos da comunidade.”

Um movimento que envolve pessoas e formas de expressão. O PrasBandas acontece nas praças. Os gêneros que percorrem os palcos também são vários. Tocam bandas de qualquer estilo, desde que autoral, “mas a maioria são bandas de rock mesmo, o nome da mostra sugere, né? Site preto, logo preto (risos). Mas, já teve dupla caipira, sertanejo, grupo de rap, reggae, emo…”


Getulio Guerra na Praça Renato Russo. Foto Douglas Fróis.

Na terra, de bandas como 5 Graus, Charme Chulo, Terminal Guadalupe, em média, 25 bandas são inscritas em cada edição do festival, fora as bandas convidadas. Nas últimas edições, Maxixe Machine, Cásimu, Poléxia, Anacrônica e Carlos Careqa tocaram junto com as bandas da comunidade. “Antes, as bandas não tinham cachê, depois que ganharmos esse edital, pagamos cachê simbólico de 400 reais”, um estímulo para a cena e para a produção de mais coisas novas.

Hoje Getulio está na Coordenação do Fórum Permanente de Música do Paraná e desde o ano passado é Conselheiro Municipal de Cultura na área de Música com a intenção de agregar essas ações todas quebrar certos muros e criar certas pontes. Uma forma de reconhecimento de seu trabalho pelo poder público e pela sociedade organizada. “Sempre formamos parcerias com todos que se aproximam”, afirma.

Na data da publicação desta matéria, o CNPJ do projeto saiu na Receita Federal. Eles tem uma grande empresa interessada em apoiar o projeto “Casa de Cultura PrasBandas 1 – Jardim Icaraí”. Na reunião de abertura da ONG, Getulio chamou o assessor dessa empresa para explicar a todos o porquê de montar a associação, e ter o CNPJ: “Era a formalidade necessária para conseguir patrocínio.”

Para conhecer mais sobre este projeto do Paraná, acesse o www.prasbandas.mus.br e navegue pelas redes desse pessoal.

Getulio Guerra faz cultura.


fonte: http://www.culturaemercado.com.br/noticias/perfil/um-guerreiro-no-suburbio-curitibano/

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Manifestação do Fórum Permanente de Música do Paraná acerca da extinção do Cargo de Coordenação Pedagógica no Conservatório De Música Popular Brasilei

Manifestação do Fórum Permanente de Música do Paraná acerca da
extinção do Cargo de Coordenação Pedagógica no Conservatório De Música Popular
Brasileira de Curitiba

É com
preocupação que o FPM/PR, organismo criado em 2005, que congrega entidades e
artistas ligados ao meio musical, recebeu a notícia da extinção do cargo de
Coordenação Pedagógica do Conservatório De Música Popular Brasileira de
Curitiba.

O FPM/PR não
coaduna com esta extrema decisão do ICAC, órgão gestor do CMPB, de extinguir um
cargo inerente à formação e educação em qualquer área do conhecimento. A
atitude pode ser considerada insensata ao passo que não há aprendizado e
formação sem que haja orientação e metodologia planejada e aplicada, competência
conferida ao cargo extinto.

Dessa forma, o
FPM/PR se posiciona contra a medida e passa a exigir das autoridades
competentes a revisão dessa decisão, a qual pode comprometer a qualidade de ensino
da música na cidade e no estado. O CMPB não pode retroceder na sua qualidade de
formação, o que está sujeito doravante com a perda desse importante cargo
pedagógico.

No ensejo, o
FPM/PR informa que não de hoje recebe reclamações quanto ao aparelhamento do
CMPB, fato denunciado por alunos e professores, sendo o momento oportuno para o
poder público se posicionar também sobre este tema.

Colocando-se à
disposição para eventuais esclarecimentos, o Fórum Permanente de Música do
Paraná aguarda a devida resposta do poder público, pois a comunidade musical da
cidade necessita de esclarecimentos para compreender este ato prejudicial à
educação, à música e à cultura paranaense.

Cordialmente,

André Alves Wlodarczyk

Coordenação do FPM/PR

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Carta em resposta a Gazeta do Povo

Carta em resposta a Gazeta do Povo, com relação ao artigo publicado no dia 02 de fevereiro de 2011 com título nem 8 nem 80 - http://www.gazetadopovo.com.br/cadernog/conteudo.phtml?tl=1&id=1092476&tit=Nem-oito-nem-oitenta.

Prezados leitores, jornalistas e editores,


Acerca das manifestações tomadas em nome do Fórum Permanente de Música do Paraná – FPM/PR - em matéria veiculada em 02/02/2011, este organismo que congrega diversas entidades ligadas à música estadual e nacional, manifesta-se da seguinte forma:


O Fórum Permanente de Música do Paraná é uma instância democrática e suas visões institucionais são tomadas em assembléias. Não consta entre nossos representantes, membros, e sequer participante, o Sr. Fabiano Guilherme o que, dessa forma, torna seus apontamentos na matéria de caráter estritamente individual. Inclusive o leitor supracitado está convidado a participar de nossas discussões.


O FPM/PR não é um fórum virtual como apontado equivocadamente, mas presencial. Foi fundado em 31 de janeiro de 2005 e desde então atua na elaboração, discussão e defesa de políticas públicas para a música e para o músico. O Grupo virtual onde se tem discutido o tema é a Rede Música Paraná.


O FPM/PR é completamente favorável à execução de música paranaense na Rádio Educativa, de todos os gêneros, inclusive música erudita, pelo que o diretor Fernando Tupan tem nosso total apoio. O FPM/PR, que agrega as mais variadas tendências musicais do estado (erudita, rap, pop, rock, jazz, instrumental...), através de entidades representativas, possui discussões e debates permanentes sobre a programação da rádio e TV (difusão musical), além de direitos autorais, questões trabalhistas dos músicos, história, memória e preservação de acervos musicais e educação musical. Porém nada oficial foi deliberado até o momento quanto ao tema abordado na aludida matéria.


Por fim, solicita-se à Gazeta do Povo, veículo importante de comunicação de nosso estado, que sempre se reporte à coordenação do FPM/PR antes de veicular matérias que citem o nome da instituição FPM/PR, principalmente por terceiros, como, in casu, não pertencentes ao quadro de integrantes.


Permaneço à disposição para eventuais esclarecimentos.


Cordialmente,



André Alves Wlodarczyk – Coordenação do FPM/PR

andrewlod@hotmail.com ou(41) 8833 9572