terça-feira, 29 de junho de 2010

RESPEITÁVEL PÚBLICO, NÃO TEM GRAÇA! ECAD acha que compositores são palhaços...



O Circo símbolo do encantamento, magia, mistério, brincadeira, espanto, onde são encontradas feras, lindas mulheres (nem sempre), malabaristas, mágicos, contorcionistas e palhaços é a melhor definição da cultura “Roots” do faça você mesmo, dentre todas as áreas culturais. Nada é tão figurativo de uma aventura desafiadora, feita com poucos recursos e com muita coragem. Portanto antes de partir para metáfora da palhaçada, quero deixar claro que nada os músicos tem contra o circo.
Ao mesmo tempo porem, nenhuma metáfora tem maior validade ao comparar brincadeira, risada, com alguns rituais de humilhação feitos nos circos, onde a platéia aprende a rir da palhaçada e do palhaço.

Na verdade a humanidade gosta de rir da desgraça dos alheia. A fabulosa jornada humana foi construída no drama que revela os vencedores e perdedores.



O palhaço é colocado na maioria dos casos em humilhação, daí a fonte do riso. Rir da cara do palhaço! É assim que ensinamos nossas crianças o respeito aos outros, ensinando quem deve ou não ser respeitado. Erros de educação, valores e principios a parte. A ambiguidade do símbolo do homem perdedor, que é apresentado como a representação da “alegria” esconde por de traz aquilo que hoje é descrito como “Buling”, violência, humilhação, agressões verbais, violência psicológica repetitiva, etc...

O palhaço é uma representação simbólica da vitima de perseguições, preconceito dos homens contra o diferentes (xenofobia) pessoas que não podem muitas vezes se defender, idosos, homossexuais, crianças, mulheres, minorias étnicas, negros, deficientes físicos, entre outros.



A mesmo tempo o palhaço, que tem origem nos bobos da corte são os personagens que revelam verdades, denunciam o poder, escancaram e trazem a desforra dos oprimidos.

O meio musical tem neste contexto muito a aprender com a observação dessa violência simbólica que da alguma luz sobre o espírito humano.
Se transferirmos essa mesma idéia de violência simbólica existente nas relações do personagem representado pelo palhaço, podemos afirmar que o músico tem sido vitima de um palhaçada que coloca a categoria em um verdadeiro circo (aqui em sentido de representação do desbunde e da farra desmedida da atuação dos palhaços).



A violência simbólica mais chamada atualmente de “Bulling” é promovida por diversos setores da sociedade contra os músicos, desde a policia, a empresários, bares, emissoras de radio, gravadoras, OMB, ECAD, entre outros que descem o sarrafo injustamente na categoria. Resolveram pegar o palhaço pra cristo... quero dizer o músico pra Judas...

E os compositores mal sabem, mas alguns são as maiores vitimas dessa pratica por parte do ECAD. Será que acham que compositor, músico, interprete são palhaços?



A falta de respeito não é nada, pior é para os músicos que nem sabem o tamanho da sacanagem e da palhaçada que fazem com o meio.

Os músicos compositores brasileiros são injustiçados e roubados todos os dias, todas as horas, a cada minuto graças a radio difusão e a arrecadação de direitos autorais dominada pelas gravadoras multinacionais.

O que ocorre é que dezenas de milhares de autores tocam um pouco nas rádios brasileiras. Porem apenas os 650 artístas mais executados recebem todo o bolo graças as incoerências na estrutura de arrecadação. A malandragem promovida pelo cartel formado por ECAD – Escritório Central de Arrecadação de Direitos Autorais, gravadoras multinacionais e emissoras de radio é responsável pelo roubo dos compositores.



A sacanagem funciona assim, as gravadoras pagam o “Jabá”, apenas as musicas que foram pagas tocam muito e em todas as emissoras ao mesmo tempo. Graças as praticas monopolistas e desleais de mercado apenas 50 musicas são reproduzidas em todas as emissoras de rádios brasileiras todos os meses. Os outros milhares de musicas tocam pelas beiradas nas programações das emissoras. Na hora da cobrança dos direitos autorais o ECAD se baseia em rádio-escuta, que supostamente faria uma lista das musicas tocadas nas emissoras. O que ocorre é que poucas emissoras são realmente listadas e todo o resto do que toca pelo Brasil é simplesmente ignorado. Fazem um cálculo ridículo pela media das musicas mais tocadas e pagam somente os mais executados.

As gravadoras recebem de volta parte do Jabá por que como produtores fonográficos são detentores de parte dos direitos. Assim perpetuando o sistema monopolista.
Os músicos e compositores que tocam um pouco não surgem nas listas. Por isso sobram 50 milhões todos os anos no caixa do ECAD.



Esse dinheiro que é retido (roubado) por serem de obras não identificadas é distribuído erroneamente para os tais 650 mais tocados. Essa regra jamais foi explicada e é fruto de um ato ilegal feito pelo ECAD que pode receber processo de qualquer compositor que se sinta lesado. Dezenas de milhares de compositores são roubados todos os anos.

Agora tentando corrigir esta injustiça surge na forma de projeto de lei uma demanda levantada pelo Fórum Nacional de Música nas reuniões da Câmara setorial de música.
Foi apresentado na câmara dos deputados federais um projeto de lei com a intenção de cobrar a obrigatoriedade das emissoras de radio divulgar o nome dos compositores junto a execução de suas obras.



Justiça seja feita, compositor não é palhaço! Alegria, alegria! Mas não riam dos músicos, pois não estão pra brincadeira!


Manoel J de Souza Neto


*(Nenhum palhaço de verdade foi usado durante esta reportagem, foram usados apenas palhaços ilustrativos como denuncia aos mal tratos provocados contra os mesmos e seus amigos músicos)


Segue o texto fonte da câmara dos deputados:


http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/COMUNICACAO/146229-RADIOS-PODERAO-SER-OBRIGADAS-A-DIVULGAR-NOME-DE-COMPOSITORES.html

25/03/2010 11:05
Rádios poderão ser obrigadas a divulgar nome de compositores

Edigar Mão Branca quer corrigir injustiça com compositores de músicas.
A Câmara analisa o Projeto de Lei 6896/10, do deputado Edigar Mão Branca (PV-BA), que obriga as emissoras de rádio a informar aos ouvintes os compositores das músicas executadas em sua programação.
Pela proposta, as empresas que descumprirem a regra estarão sujeitas a multa, sem prejuízo de outras sanções penais aplicáveis. O texto altera a Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/98).
Ostracismo
Segundo Edigar Mão Branca, a indústria cultural transforma os intérpretes em celebridades, enquanto relega os compositores a segundo plano. Na opinião dele, as emissoras de rádio são as maiores responsáveis pelo "ostracismo" dos profissionais que escrevem as canções ou compõem as melodias.
"A falta do devido crédito aos compositores de obras musicais desestimula aqueles que têm talento musical e pretendem seguir essa carreira", argumenta o autor da proposta.
Tramitação
O projeto será analisado de forma conclusiva Rito de tramitação pelo qual o projeto não precisa ser votado pelo Plenário, apenas pelas comissões designadas para analisá-lo. O projeto perderá esse caráter em duas situações: - se houver parecer divergente entre as comissões (rejeição por uma, aprovação por outra); - se, depois de aprovado pelas comissões, houver recurso contra esse rito assinado por 51 deputados (10% do total). Nos dois casos, o projeto precisará ser votado pelo Plenário.pelas comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; de Educação e Cultura; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Íntegra da proposta:
• PL-6896/2010
http://www.camara.gov.br/internet/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=467880

http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/COMUNICACAO/146229-RADIOS-PODERAO-SER-OBRIGADAS-A-DIVULGAR-NOME-DE-COMPOSITORES.html


Artigos relacionados:

http://www.reformadireitoautoral.org/

http://culturadigital.org.br/site/lda/files/2010/05/Caderno-Direito-Autoral-em-Debate-Rede-Reforma-LDA.pdf

http://www.culturaemercado.com.br/post/a-politica-da-alienacao-musical/

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